sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A espera

Os meus dias

Todos eles são passados com a mesma rotina

Levanto-me

Coloco o meu melhor vestido

E em pé, de fronte para a janela

Aguardo.

Uns dias lá fora o sol raia

Noutros, são cinzentos e por vezes, chuvosos

Mas mesmo assim, aguardo.

Na rua, as pessoas que passam e olham para a janela

Comentam umas com as outras:

“Lá está ela a esperar novamente, Mas pelo que espera?”

Mas nem os seus comentários a meu respeito

Me fazem desviar um só minuto o meu olhar da janela

E ouvindo-as comentando, aguardo.

Por vezes o tempo custa a passar

E dou por mim a contar as vezes que pestanejo num minuto

E mesmo impaciente…aguardo.

Aguardo ver-te do outro lado da janela vindo a meu encontro

Para os meus braços…

Aguardo, como quem espera que a vida regresse a um corpo sem vida

E de certa forma, aguardo assim.

Os meus dias…

Esses...

Todos eles são passados com a mesma rotina

Levantando-me, Pondo-me bela

Aguardando, por ti.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

As palavras saem me do corpo


As palavras saem-me do corpo

Voluntária e involuntariamente.

Saem-me pela boca

Saem-me pelos dedos.

Quando da boca se libertam

Vagueiam pelo ar até que alguém as oiça,

Quando dos dedos saem,

Escorregam por eles fora

Até ficarem presas na folha.

As palavras saem-me do corpo

Com que finalidade não sei…

Apenas quero que algumas sejam ouvidas

E outras que me aliviem a alma

E sejam registo dos meus pensamentos.

As palavras saem-me do corpo

Porque elas fazem parte de mim

Constituem e engrandecem o Ser que em mim mora.

O que seria de alguém,

Se não conhecesse as palavras

Ou se nele palavras não tivesse?

Há um acto que aprecio com imensidão

O acto em que as palavras

Me saem do corpo…

Sejam elas ditas ou escritas

Voluntárias ou involuntárias!

Gosto de as ter armazenadas dentro de mim

E da sua variedade e significado

Mas gosto sobretudo, de quando as palavras

Me saem do corpo…


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Olha-me apenas

Olha-me apenas

Não digas o que sentes

Nem tão pouco aquela palavra amarga que pronuncias

No momento da despedida.

Olha-me apenas

Não me dês a tua mão

Porque sei que a vais ter de largar

Que só a vais segurar por breves instantes.

Olha-me apenas

Não me abraces

Porque sei que o calor do teu abraço será momentâneo

E que após esse abraço, não mais calor sentirei.

Olha-me apenas

Não com tristeza

Mas com alegria presa no teu olhar

Como se com o seu brilho

Me agradecesses os momentos que juntos passámos.

Olha-me apenas

Para suavizares esta dolorosa despedida.

Olha-me apenas

Com os teus olhos verdes bem fixos em mim

Pois não preciso das tuas palavras

Eu sei o que estás a sentir… só com o teu olhar …

Por isso peço-te meu amor

No momento da despedida

Quando o apito do comboio soar

Não me digas adeus

Olha-me apenas…


domingo, 16 de setembro de 2007

Não quero adormecer . . .


Não quero adormecer.
Não assim.
Não quero fechar os olhos
Sem sentir o conforto do teu corpo
Ou os teus braços em meu redor.
Não quero adormecer.
Sem que antes a tua voz
Me embale como se eu ainda fosse uma criança.
Não quero adormecer.
Porque não quero sonhar.
Não quero sonhar contigo
Para não ter que acordar sem ti do meu lado.
Não quero adormecer.
Porque não quero amanhecer desta forma.
Amanhecer sem o teu sorriso,
Sem esse teu olhar pregado em mim,
Sem um beijo teu na minha boca sentir…
Não quero amanhecer sem ti,
Pois isso implicaria um dia inteiro sem sorrir.
Não quero adormecer.
Não quero fechar os olhos.
Não quero sonhar.
E não quero amanhecer.
Não, sem ti…

sábado, 15 de setembro de 2007

Diferentes Olhares ...


Esfrego os olhos
uma vez...
duas vezes...
três vezes...
em frente ao espelho
mas por muito que tente
não me consigo ver da forma que me vês.
Vês-me bela
mais bela do que uma rosa
Vês-me alegre
sempre com um sorriso bem rasgado no rosto
Vês-me ... perfeita!
Mas diz-me meu amor
"Porque é que me vejo de uma forma tão diferente da que tu me vês?"
Por fora, não me sinto bela
mas sei que dentro de mim mora alguma beleza.
Quando estou contigo sorrio
mas quando estás longe só conheço tristeza
e em vez de sorrisos presos no rosto, tenho lágrimas.
Perfeita ... em nenhum lado me vejo ...
mas não te contesto que me vejas dessa forma
pois como Shakespear dizia:
"ninguém é perfeito até nos apaixonar-mos por alguém".
Meu amor vê-me da forma que me vês
que eu te verei da forma de como não te consegues ver também
e fiquemos somente assim
tu e eu
a ver-mo-nos um ao outro com os nossos olhos
Com os nossos diferentes olhares...

livre !


Caminho descalça nesta praia
somente eu, mais ninguém.
Sinto-me livre
Sinto-me liberta de tudo o que me aprisiona todos os dias.
Sinto-me liberta da saudade...
do isolamento,
da tristeza,
da fraqueza,
e das lágrimas.
A cada passo que dou nesta areia fria
deixo uma pegada para trás
e apercebo-me de que realmente eu existo
já não me sinto como outrora
malfadada, invisivel, sem vida.
Enquanto caminho o sol vai-se pondo
no horizonte, por detrás de todo este mar...
Outrora sentia que eu também ia com ele...
mas hoje...
...hoje não!
Hoje sinto-me liberta de tudo o que atormenta
de tudo o que aprisiona as pessoas dentro de si mesmas
hoje saboreio a liberdade
hoje sinto-me livre
hoje sinto-me...
... EU MESMA!

Hoje ... Não !


Hoje não aguento mais
Estou em baixo, sem forças para mais.
Por favor
Não me toques, Não me beijes,
Não me abraçes, Não me acaricies
Peço-te... hoje não.
Hoje sinto que tenho de estar em silêncio
tendo como única companhia eu mesma.
Não digas que me amas
ou tão pouco outras palavras que sejam amor
hoje quero silêncio
hoje digo não ás tuas palavras.
Hoje não quero nem te posso sentir
Hoje... véspera da tua partida...
Se sentir o teu toque, o teu beijo,
O teu abraço, as tuas caricías
ou ouvir que me amas
não irei aguentar
e a tua partida muito mais me irá custar.
Por isso peço-te que hoje sejamos distantes
como o sol e a lua
sem qualquer carinho entre nós
porque hoje estou em baixo e sem forças para mais...
hoje, véspera da tua partida.

Meu


Hoje acordei de forma diferente
tinha-te do meu lado...
Agradeci aos Deuses por me fazerem amanhacer contigo
Beijo o teu rosto e digo para mim:
"Que bom é ter-te só meu".


Abres os olhos ao de leve
Que lindo é ver-te acordar do meu lado
e ter o brilho do teu olhar para me iluminar o dia.
Beijas-me e dizes-me bom dia, e digo para mim:
"Que bom é ter-te só meu".


Sorris para mim
Por veres que não consigo desviar o meu olhar de ti
e alegre se tornou o dia, porque nasceu a ver te sorrir
Passo os meus dedos pelos teus lábios e beijo-te e digo para mim:
"Que bom é ter-te só meu".


Abraço-te e sinto o teu corpo
Meu eterno porto de abrigo
Minha fonte de calor
Abraço-te mais forte contra o meu peito, e digo para mim:
"Que bom é ter-te só meu".


No leito, dois corpos unidos
duas peles deslizam uma sobre a outra
e entre os lençois trocamos palavras de amor
Dizes-me " És minha "
Digo-te " És meu ".


Dois corpos abraçados, duas bocas cerradas
Os olhos fechados, as mãos entrelaçadas...
Na minha pele...o teu cheiro
No meu corpo...o teu toque
Abro os olhos e olho fixamente para ti, e digo para mim:
"Não consigo acreditar que és meu".


Fecho os olhos e volto a adormecer
e mais tarde acordo para enfrentar o dia
Procuro-te por todo o lado e não te encontro em parte alguma
e com lágrimas escorrendo-me pelo rosto digo para mim:
"Não o tenho, Não me pertenceu, nem tão pouco é meu ...".


Fecho os olhos e forço-me a adormecer
Talvez tenha sido isto um pesadelo que nunca aconteceu
e que amanha acorde e veja o abrir dos teus olhos e o seu brilho
e o teu sorriso que torna alegre o triste dia
e Olhando-te e sentindo-te, digo para ti:
"Que bom é ter-te só meu".

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cala-me !


Cala-me.

Com um beijo

Quando não me quiseres ouvir mais.

Ou antes de eu acabar uma frase

De que mais tarde eu me venha a arrepender.


Cala-me.

Com um empurrão.

Empurra-me contra a parede

Quando eu te estiver a chatear

Ou a proferir sempre as mesmas palavras.

Empurra-me contra a parede,

Agarra-me com força e beija-me brutamente.


Cala-me.

Com as tuas mãos.

Tapa-me a boca sempre que eu mencionar algo

Do qual tu queres esquecer.

E tapando-me a boca, olha-me nos olhos

diz-me que é melhor ficarmos assim

Em silêncio, nós dois.



Cala-me.

Com os teus gestos.

E não com as tuas palavras.

Pois os teus gestos calar-me-ão

E as tuas palavras terão sempre resposta.


Cala-me.

Sempre que achares as minhas palavras sem sentido

Sempre que te relembrar de algo que te magoe

Sempre que faça uma tempestade de palavras

E sempre que comece uma discussão sem fundamento.

Cala-me.

Sim cala-me.

Mas com amor.

domingo, 1 de julho de 2007

Fraqueza

Odeio a forma de como me olhas

E as palavras que dirigidas a mim proferes.

Odeio quando sinto os teus olhos colocados em mim.

Desejas a minha presença.

Eu fujo da tua.

Bates à minha porta

Mas para ti, ela estará sempre fechada.

Odeio o som da tua voz

Tapo os ouvidos só para não a escutar.

Chamas por mim,

Ignoro-te e desprezo-te.

Dizes-me que eu te dou vida

Tu? Tu roubas a minha.

Escreves-me cartas dizendo que sou eu

Quem te torna na boa pessoa que és

Tu? Tu destróis-me por dentro.

Nessas cartas, já todas tornadas cinzas

Repetes sucessivamente que te faço forte

Tu? Tu sugas a força de dentro de mim…

Contigo por perto sou fraca…

Completamente fraca…

Se ao menos não fosses tu, essa minha fraqueza…



(não é o meu caso, mas acontece isto a muita gente)

Fobia? (mais tipo história)

Corro.

Sim corro.

Ainda não parei de correr.

Devo de estar a correr até ao limite da minha loucura.

Corro.

Sim corro.

Sempre com um ar assustado

Olhando vezes sucessivas para trás.

As ruas estão desertas

E eu vejo pessoas iguais a mim por toda a parte

A mesma cara…

O mesmo cabelo…

A mesma roupa…

Olham-me de lado

Riem-se para mim de forma maléfica,

E começam a perseguir-me

A correr com uma velocidade incalculável atrás de mim.

Corro por estas ruas

Em que nada mais se ouve

Para além do som dos sapatos

Dos meus, e das pessoas iguais a mim…

Som ensurdecedor e assustador

Devido a esta corrida sem fim.

Corro sempre a gritar por socorro.

Quem sabe se não existirá ainda alguém

Aqui, sem que seja igual a mim?

Mas com o passar do tempo

E já com a exaustão do corpo

A esperança parece dissipar-se

E em vez dela, a impressão que eu tenho

É que serei eu a última a morrer.

Já não aguento…

O meu corpo já não aguenta mais…

Mas o deles, parece nunca se cansar.

Esbarrei-me agora contra alguém.

Olho.

Os meus olhos estão mais abertos que nunca

E sem pestanejar.

Devido a este medo, a este pânico que me consome

Passo após passo…

E a este frio que sinto que ao meu corpo está a tomar.

Esbarrei-me contra mim.

Ou contra alguém idêntico a mim.

Os outros, que insistemente corriam atrás de mim

Cercam-me.

E eu no meio de pessoas iguais a mim olho em redor

Sempre receando algum movimento

E julgando ser este o meu fim.

Começam-se a aproximar

Sempre com o mesmo olhar

Com aquela maldade nos olhos

Começo a baixar-me

Como se isso me adiantasse de muito…

Pois não há forma de defender-me…

Tapo a cabeça com as mãos

E cerro os olhos com muita força,

Com muito medo.

Sinto a respiração desses seres a aproximar-se de mim…

Penso “estou a segundos do meu fim…”

E de um momento para o outro

Nada mais consigo ouvir.

Ganho forças, coragem, ou o pouco que restava dela e

Abro os olhos

Já nada me cercava

E as ruas tinham voltado a ser movimentadas.

Começo-me a levantar

Olhando para as pessoas

Levanto-me lentamente

Esperando que de nada se tenham apercebido.

Não entendo o que se passou

Eu não estou a dormir…logo não estou a sonhar.

Estou aqui na rua…

As pessoas estou a ouvir e o vento no rosto a sentir.

“O que se passou?”

Pergunto-me sucessivamente.

Terei eu medo de ser perseguida?

Ou medo de mim?

sábado, 30 de junho de 2007

Um novo olhar ...

Hoje acordei com um novo olhar

Vi e vejo o mundo com outros olhos

Olhos estes que nunca foram meus.

Abri a janela.

Olhei.

Olhei mais uma vez.

Esfreguei os olhos vezes sem conta.

Belisquei-me pois poderia ainda estar a dormir…

Mas não…estava bem acordada…

A ver o mundo com um novo olhar,

Olhar este, que nunca foi meu,

Que a mim nunca me pertenceu.

O mundo perdeu a cor

Tudo em meu redor é incolor

As pessoas, os carros, as casas, os pássaros…

Tudo.

Tudo sem cor.

Pergunto-me vezes sem conta

“Será que só eu é que vejo as coisas desta forma?

Ou será que o mundo realmente perdeu a sua cor?”

Debaixo da minha janela

Passa uma senhora muito apressada

Com um ar um pouco assustado

Poderia estar assustada, como eu, por ver um mundo incolor…

Chamo-a.

Pergunto-lhe se também vê o mundo sem cor

Mas ela, de mau humor, diz que tem mais que fazer

Do que alimentar conversas de pessoas insanas…

Não entendi

E tento a minha sorte com outra pessoa.

Uma senhora que me conhece desde criança…

Pergunto-lhe, debruçando-me sobre a janela:

“Porque é que o mundo perdeu a cor?”

Ao que me responde:

“Se vês o mundo sem cor, então perdeste mesmo o juízo!”

E a conversa termina logo ali.

Fecho a janela.

E escondo-me por detrás da cortina.

Um pouco triste

Pois não entendo o que se está a passar,

Porque vejo o mundo sem cor

E os outros que me rodeiam vêem-no todo colorido.

Olho vezes sem conta

Procurando a razão para o que está a acontecer…

Levei segundos até achar a resposta

Como não pensei nisto antes?

Sim, o mundo de facto perdeu cor

Apenas a meus olhos tudo é incolor

E o mundo ficou assim desde que partiu o meu amor…

Fecho a janela, as cortinas e a persiana.

Não gosto do mundo assim.

Deito-me

Forço-me a adormecer.

Espero amanha acordar com um novo olhar…

sexta-feira, 29 de junho de 2007

O que mais me fere

O que mais me fere?

As palavras.

Sem dúvida as palavras…

Essas são mortíferas

Ferem mais que mil garras

Não deixam marcas visíveis,

Mas são elas que ferem mais profundamente.

As palavras…

Essas sim, são a maior arma mortal

Deixam feridas abertas

Que nem com o passar do tempo

Podem alguma vez sarar…

Matam-nos.

Sim matam-nos

Não por fora,

Mas por dentro.

O que mais me fere?

As palavras...

Sem dúvida as palavras…

O fim do mundo (mas não para mim)


O mundo está agitado

As pessoas correm pelas ruas aos gritos

Na televisão, nas rádios sempre a mesma noticia

Que a todos abala e apavora

E eu aqui, sem com isso me importar…



Disseram que o mundo está prestes a acabar

Que o sol não mais nos aquecerá

Que a lua não voltará a brilhar

E que os dias que virão

Até ao dia final

Serão sempre com chuva imensa…



Mas porque devo eu me preocupar com isso?

Ou correr pelas ruas a gritar?

Para mim nada disso acabará…

Enquanto te tiver do meu lado,

Não precisarei do sol para me aquecer,

Aquecer-me-ei nos teus braços…

Não precisarei do brilho da lua,

Mas sim do brilho dos teus olhos…

E os dias chuvosos em nada me afectarão,

Pois todos os dias contigo são dias de clareza e beleza imensa.



Não me vou apavorar

Nem muito menos me mostrar afectada

Pois enquanto te tiver do meu lado

O meu mundo não irá acabar

Mas sim, ganhar vida.


Formas

Olha para o céu estrelado

Aqui. Agora.

Diz-me baixinho o que vês

Que formas no céu

As estrelas estão a desenhar.

Eu vejo um coração

E tu dois pontos de interrogação

Um virado para o outro.

Porque vês uma forma tão distinta da que vejo?

Eu vejo um coração.

Talvez por te ter a meu lado

E saber que te amo

E que o coração simboliza o amor.

E tu, tu vês dois pontos de interrogação…

Porquê?

Será que representam a dúvida que sentes

Em relação ao teu sentimento

Ou será que ele já não existe?

Olha para o céu estrelado

Aqui. Agora.

Diz-me baixinho que vês uma outra forma…

Eu VS Felicidade

Caminho nestas ruas

Sem saber bem porquê.

Apetece-me.

Somente me apetece.

Viro a esquina

Dão-me um encontrão

Olho para ver quem mo deu

Espanto-me

Dou de caras com a felicidade

Olha para mim

De alto a baixo

Ignora-me

E segue o seu caminho.

Fico estupefacta a pensar no sucedido…

Persigo-a

Ela acelera o passo

Corro atrás dela

E ela corre diante de mim

Como se de mim fugisse

Metendo-se por atalhos para me despistar.

Ficou encurralada

Num beco sem saída.

Já ofegante e a transpirar por todos os lados

Chego perto dela, e ela em tom zangado pergunta-me

“Não tens mais nada que fazer? Por que corres atrás de mim?”

Eu respondo com uma outra pergunta

“E porque foges tu de mim?”

Ao que me responde:

“Não me podes ter quando queres, tens de me conseguir”

Casa Desconhecida

Abro a porta da casa desconhecida

Espreito primeiro

E só depois o meu corpo passa pela porta.

Caminho em passos mudos

Para que a minha presença passe despercebida

E os meus gestos ensurdecidos.

Subo as escadas

Apertando as mãos

Com medo que algo me surpreenda…

Olhando em redor com os olhos bem abertos.

De fronte, um corredor muito longo

Abro a primeira porta.

A porta do passado.

Espreito.

Vejo o que não quero ver.

Recuso-me a entrar.

Fecho a porta.

Tranco-a.

Para que não se volte a abrir.

Continuo o meu percurso.

Na casa e no corredor desconhecido.

Uma outra porta

Abro-a, receando que seja como a outra

Que anteriormente eu abrira.

É uma sala coberta de espelhos

Vejo-me em todo o lado

Vejo-me reflectida com o puxador na mão.

Logo me apercebo, é a porta do presente.

Sem saber o porquê, fecho-a.

Só restam mais duas portas

Neste corredor de tamanho imenso

Uma intitulada de futuro

Uma de destino

Pergunto-me “qual a diferença das duas?”

Coloco a mão no puxador da porta do futuro

Tremo. Tremo dos pés à cabeça

E oiço uma voz que me chama “cobarde…”

Não sou capaz de abri-la.

Olho para a porta do destino

Hesito.

E mais uma vez aquela voz ecoa pelo corredor

“Cobarde…”

Sigo em frente tapando os olhos

Não. Não quero saber nem muito menos ver

O que vai acontecer e o que me está destinado.

Prefiro ver com o passar do tempo.

Prefiro construir o meu destino e futuro

Com as minhas próprias mãos.

Amor que não é um sonho

Diz-me que não foi um sonho cada momento nosso.

Cada beijo…

Cada sorriso…

Cada carícia…

Cada suspiro…


Diz-me que não é um sonho os nossos momentos.

Aquele toque…

Aquele abraço…

Aquele perfume…

Aquele olhar…


Diz-me que o nosso amor não é um sonho…

Que é pura realidade…

Onde nos beijamos com paixão,

Sorrimos com felicidade sentida,

Trocamos carícias longas,

E suspiramos o nome um do outro...


Diz-me que o nosso amor nunca foi um sonho…

Que existe, e sempre existirá…

Como o toque da nossa pele quando se tocam os nossos corpos,

Como o abraço forte que me dás para me sentir protegida,

Como o perfume da tua pele que fica preso na minha,

Como o olhar apaixonado, que lançamos um ao outro.


Não me digas do amor as palavras mais belas,

Se mas disseres, não as irei escutar…

Pois do teu amor não quero as palavras,

Mas sim, os pequenos gestos que tu fazes…

E esses sim, são amor.