sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cala-me !


Cala-me.

Com um beijo

Quando não me quiseres ouvir mais.

Ou antes de eu acabar uma frase

De que mais tarde eu me venha a arrepender.


Cala-me.

Com um empurrão.

Empurra-me contra a parede

Quando eu te estiver a chatear

Ou a proferir sempre as mesmas palavras.

Empurra-me contra a parede,

Agarra-me com força e beija-me brutamente.


Cala-me.

Com as tuas mãos.

Tapa-me a boca sempre que eu mencionar algo

Do qual tu queres esquecer.

E tapando-me a boca, olha-me nos olhos

diz-me que é melhor ficarmos assim

Em silêncio, nós dois.



Cala-me.

Com os teus gestos.

E não com as tuas palavras.

Pois os teus gestos calar-me-ão

E as tuas palavras terão sempre resposta.


Cala-me.

Sempre que achares as minhas palavras sem sentido

Sempre que te relembrar de algo que te magoe

Sempre que faça uma tempestade de palavras

E sempre que comece uma discussão sem fundamento.

Cala-me.

Sim cala-me.

Mas com amor.

domingo, 1 de julho de 2007

Fraqueza

Odeio a forma de como me olhas

E as palavras que dirigidas a mim proferes.

Odeio quando sinto os teus olhos colocados em mim.

Desejas a minha presença.

Eu fujo da tua.

Bates à minha porta

Mas para ti, ela estará sempre fechada.

Odeio o som da tua voz

Tapo os ouvidos só para não a escutar.

Chamas por mim,

Ignoro-te e desprezo-te.

Dizes-me que eu te dou vida

Tu? Tu roubas a minha.

Escreves-me cartas dizendo que sou eu

Quem te torna na boa pessoa que és

Tu? Tu destróis-me por dentro.

Nessas cartas, já todas tornadas cinzas

Repetes sucessivamente que te faço forte

Tu? Tu sugas a força de dentro de mim…

Contigo por perto sou fraca…

Completamente fraca…

Se ao menos não fosses tu, essa minha fraqueza…



(não é o meu caso, mas acontece isto a muita gente)

Fobia? (mais tipo história)

Corro.

Sim corro.

Ainda não parei de correr.

Devo de estar a correr até ao limite da minha loucura.

Corro.

Sim corro.

Sempre com um ar assustado

Olhando vezes sucessivas para trás.

As ruas estão desertas

E eu vejo pessoas iguais a mim por toda a parte

A mesma cara…

O mesmo cabelo…

A mesma roupa…

Olham-me de lado

Riem-se para mim de forma maléfica,

E começam a perseguir-me

A correr com uma velocidade incalculável atrás de mim.

Corro por estas ruas

Em que nada mais se ouve

Para além do som dos sapatos

Dos meus, e das pessoas iguais a mim…

Som ensurdecedor e assustador

Devido a esta corrida sem fim.

Corro sempre a gritar por socorro.

Quem sabe se não existirá ainda alguém

Aqui, sem que seja igual a mim?

Mas com o passar do tempo

E já com a exaustão do corpo

A esperança parece dissipar-se

E em vez dela, a impressão que eu tenho

É que serei eu a última a morrer.

Já não aguento…

O meu corpo já não aguenta mais…

Mas o deles, parece nunca se cansar.

Esbarrei-me agora contra alguém.

Olho.

Os meus olhos estão mais abertos que nunca

E sem pestanejar.

Devido a este medo, a este pânico que me consome

Passo após passo…

E a este frio que sinto que ao meu corpo está a tomar.

Esbarrei-me contra mim.

Ou contra alguém idêntico a mim.

Os outros, que insistemente corriam atrás de mim

Cercam-me.

E eu no meio de pessoas iguais a mim olho em redor

Sempre receando algum movimento

E julgando ser este o meu fim.

Começam-se a aproximar

Sempre com o mesmo olhar

Com aquela maldade nos olhos

Começo a baixar-me

Como se isso me adiantasse de muito…

Pois não há forma de defender-me…

Tapo a cabeça com as mãos

E cerro os olhos com muita força,

Com muito medo.

Sinto a respiração desses seres a aproximar-se de mim…

Penso “estou a segundos do meu fim…”

E de um momento para o outro

Nada mais consigo ouvir.

Ganho forças, coragem, ou o pouco que restava dela e

Abro os olhos

Já nada me cercava

E as ruas tinham voltado a ser movimentadas.

Começo-me a levantar

Olhando para as pessoas

Levanto-me lentamente

Esperando que de nada se tenham apercebido.

Não entendo o que se passou

Eu não estou a dormir…logo não estou a sonhar.

Estou aqui na rua…

As pessoas estou a ouvir e o vento no rosto a sentir.

“O que se passou?”

Pergunto-me sucessivamente.

Terei eu medo de ser perseguida?

Ou medo de mim?